IBGE: Produção industrial teve alta de 2,8% em março

quarta-feira, maio 05, 2010 Jony Lan 0 Comments

RIO - A produção industrial brasileira avançou 2,8% em março, na comparação com fevereiro e está apenas a 0,1% abaixo do recorde registrado antes do agravamento da crise mundial, segundo dados divulgados nesta terça-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

Frente a março de 2009, a alta foi de 19,7%, o quarto aumento seguido de dois dígitos na comparação anual. Descontadas as influências sazonais, o resultado acumula ganho de 5,7%, em quatro meses de expansão. No trimestre, a alta é de 18,1% no primeiro trimestre do ano, frente a igual período de 2009.

- É a maior alta mensal no período de um ano e também o melhor trimestre desde que é efetuada a pesquisa, em abril de 1991 - informou o economista da coordenação de indústria do instituto, André Macedo.
Indústria aproxima-se do patamar pré-crise

A indústria brasileira finalmente conseguiu recuperar as perdas com a crise financeira global, um ano e três meses depois de ver sua produção despencar 20,6% em apenas três meses. A produção que está apenas 0,1% abaixo do pico registrado em setembro de 2008, período anterior ao agravamento da crise mundial.

- O nível de produção praticamente empata com o recorde (de setembro de 2008) e alguns setores já estão acima dele. Depois da crise no fim de 2008, 2009 foi um ano de recuperação gradativa do setor industrial. Em 2010, a recuperação se confirma e se traduz em um aumento de atividade com um perfil generalizado de expansão - afirmou Macedo.

O economista destaca que a expectativa é que em abril, o crescimento já supere os níveis antes da crise econômica.

Mas essa recuperação é desigual. Os setores que estavam mais ligados ao comportamento da renda e do mercado de trabalho saíram na frente. Enquanto os que representam o investimento ainda correm atrás do prejuízo causado pela crise. Assim, os bens de consumo não duráveis, que reúnem alimentos, bebidas, vestuário e remédios, já estão produzindo a todo o vapor, no seu maior patamar histórico de produção. É um setor que responde aos movimentos do emprego e da renda com mais força, por isso, sua recuperação mais rápida.

Os bens intermediários, que são os insumos que a indústria precisa para produzir, conseguiram voltar aos níveis de antes da crise. Já os bens de consumo duráveis, que agregam os carros, eletrodomésticos e outros, ainda estão produzindo 0,6% menos que em setembro de 2008. Mesmo com os estimulos do governo, que suspendeu a cobrança de IPI dos carros, esse setor ainda está em recuperação.

Os bens de capital, que são as máquinas e equipamentos, estão distante de seu apogeu: a produção em março ficou 7,4% menor que em setembro, embora tenham ficado positivos em março.

- Os bens de capital estão positivos há bastante tempo... favorecidos por isenções fiscais. Temos efeito base (fraca de 2009) para ajudar, mas há de fato uma retomada do investimento - disse Macedo.

Os bens de capital foram o grande destaque do mês, com alta de 3% ante fevereiro e de 38,4% frente a março de 2009. Foi o melhor resultado desde março de 2004.
Mas, pontualmente

Os bens de capital para a expansão e modernização da indústria acumularam no primeiro trimestre alta de 23,6%, após perda de 10,9% no último trimestre do ano passado. Os investimentos da construção civil cresceram 216,2%, contra recuo de 6,4% no quarto trimestre.

Recordes O desempenho positivo da atividade industrial em março confirmou a trajetória ascendente da média móvel trimestral, que cresce há 13 meses.

O índice de difusão, com avanço em 77% dos 755 produtos investigados, também evidenciou o dinamismo no setor industrial, ao registrar o maior nível da série histórica, iniciada em janeiro de 2003.

Os bens de consumo semi e não duráveis (11,4%), com a segunda taxa de crescimento de dois dígitos consecutiva e a mais alta desde julho de 1996 (12,6%), teve resultados positivos em todos os seus subsetores, com destaque para outros não duráveis (12,4%) e alimentos e bebidas elaborados para consumo doméstico (10,9%).

Na comparação com o trimestre imediatamente anterior, a produção industrial cresce por quatro períodos consecutivos, acumulando ganho de 17,2%.

Dos 27 setores industriais, 19 tiveram alta em março em relação. Na passagem do segundo para o terceiro mês deste ano, dos 27 setores industriais, 19 registraram aumento, como veículos automotores (10,6%), alimentos (5%), máquinas e equipamentos (5,2%), bebidas (7,6%) e celulose e papel (6,4%).

O resultado do mês de março veio acima do esperado pelo mercado. Analistas consultados pela Reuters projetavam expansão de 1,4% mês a mês - com faixa de previsões entre 1% e 2,7% - e avanço anual de 17,9% - com estimativas entre 15,9% e 19,9%.

Abs,

Jony Lan
Especialista em estratégia, marketing e novos negócios
jonylan@mktmais.com

Fonte: O Globo

Conteúdo relacionado