Quebra de patente do Viagra favorece genéricos e EMS quer sair na frente

segunda-feira, maio 03, 2010 Jony Lan 0 Comments

No Brasil, o Viagra sozinho movimenta R$ 170 milhões por ano, pouco mais de um terço do total das vendas de medicamento contra a impotência, avaliadas em R$ 500 milhões.
Por lei, a versão genérica de qualquer medicamento deve custar no mínimo 35% a menos que o medicamento original. Na prática, porém, o desconto pode chegar a 60%, multiplicando as vendas de uma forma nunca vista enquanto o medicamento tinha marca. "Quando as versões genéricas do Viagra chegarem ao mercado, o preço vai cair e consumo, aumentar", diz Ogari de Castro Pacheco, presidente e co-fundador do Cristália, laboratório fabricante do Helleva, um dos concorrentes do Viagra.

A fabricante brasileira Laboratório EMS anunciou que está preparada para produzir genérico do Viagra assim que a patente expirar, em 21 de junho. A afirmação é do vice-presidente de Mercado do Laboratório EMS, Waldir Eschberger Júnior. “A expectativa da empresa é iniciar a comercialização do produto um dia depois de a patente expirar, ou seja, no dia 21 de junho. Queremos ser o primeiro a chegar ao mercado, porque quem sai na frente, sempre acaba liderando as vendas”, afirmou o executivo. O Laboratório Teuto informou ao DCI, em relação a uma possível aquisição da empresa pela Pfizer, que não comenta especulações de mercado, mas diz que “todos os produtos que devem perder a patente estão no projeto de lançamento da indústria este ano. A partir da data de autorização da Anvisa para cada produto, lançaremos a versão genérica desses medicamentos com o mesmo padrão de qualidade e custo no mínimo 35% mais barato”. Impulsionados, principalmente pelas boas vendas dos genéricos no País, o setor farmacêutico projeta crescimento de cerca de 7% em 2010.

Para o vice-presidente da Pharma Latina, Gabriel Tannus, a importância dos medicamentos genéricos cresce no setor. “A indústria brasileira encontrou seu espaço com a produção dos genéricos, enquanto players internacionais mantiveram sua marca”, disse Tannus.

O presidente da ABL Antibióticos, José Loureiro Cardoso, declarou-se animado com o crescimento do mercado: “Estamos investindo na ampliação das nossas linhas de produção, o que deve aumentar nossa capacidade cerca de 20% a 30%”, previu.

A patente do Viagra é uma das 26 que vencem entre 2010 e 2013 e vão injetar na indústria mais de R$ 700 milhões em receitas com uma nova geração de medicamentos genéricos.

O Viagra representa para o mercado de medicamentos o mesmo que um filme de ação para Hollywood. Por sua capacidade de arrecadar quantias milionárias, é chamando pelos executivos do setor farmacêutico de remédio blockbuster – em português, remédio arrasa-quarteirão.

Uma demonstração do que pode ocorrer com o Viagra vem de uma dupla de remédios para emagrecer, o Reductil, da americana Abbott, e o Plenty, licenciado para a Medley. Os dois entraram no mercado brasileiro no fim dos anos 1990 com um preço proibitivo para boa parte dos consumidores. Uma caixa chegou a custar quase R$ 200 reais. Em 2006, pouco antes de a patente expirar, a Medley lançou a versão genérica com um preço que variava de R$ 70 a R$ 90. A partir daí, as vendas multiplicaram por seis.

Para o setor farmaceutico, os primeiros medicamentos ganham espaço nas prateleiras, no cadastro das drogarias e os demais que vierem terão mais dificuldades em convencer de que merecem estar no portifólio das drogarias. Com isso, a vantagem competitiva é clara, quem chega primeira terá maiores ganhos por mais tampo. A corrida contra o tempo já foi dada, mas vale para qualquer outra estratégia de lançamento de produtos nas drogarias.


Abs,

Jony Lan
Especialista em estratégia, marketing e novos negócios
jonylan@mktmais.com

Fontes: DCI, Último Segundo

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