Sample Business Marketing: Lojas que oferecem produtos grátis em troca de opinião chegam no Brasil por SP

quarta-feira, maio 05, 2010 Jony Lan 0 Comments

Primeiro modelo será inaugurado em maio; outra franquia abre em junho.

Mecânica: Consumidor paga anuidade simbólica e deve preencher questionários.

Entrar em uma loja e comprar produtos novos, que acabaram de ser lançados no mercado ou em fase de reformulação normalmente é uma experiência conflitante. Apesar da excitação com o novo, sempre há o receio de que o item possa não funcionar para suas necessidades – além do custo embutido. A partir deste mês, em São Paulo, essa experiência se tornará mais fácil com a abertura de duas lojas que oferecerão produtos gratuitos aos consumidores ao custo de uma anuidade simbólica – em troca apenas da opinião de quem o levou para casa.

São negócios baseados no Sample Business Marketing, conceito que você já leu aqui no blog com os exemplos de Esloúltimo e do LCAFE.

O primeiro a abrir as portas no Brasil será o Clube Amostra Grátis. Nele, o consumidor, após pagar uma taxa anual de R$ 50 para se cadastrar, pode adquirir até cinco produtos por mês – entre roupas, calçados, bolsas, alimentos, bebidas, cosméticos, produtos e entretenimento, entre outros. Em casa, eles têm até sua próxima visita para responder a um questionário pela internet.

Eletrônicos e outros produtos de valores mais altos podem ser testados na loja. Preencher o cadastro deles – em casa ou no próprio estabelecimento – rende pontos que podem aumentar o limite de retirada no futuro. “É um modelo de negócios que estava faltando em São Paulo. A pessoa leva o produto para casa como um todo, não vê só a amostra”, diz o empresário Luiz Gaeta, um dos donos do negócio. Os futuros “sócios” do clube já podem fazer seu pré-cadastro pela internet – a loja abre oficialmente no dia 11 de maio.

Com previsão de abertura no fim de junho, a Sample Central, franquia de uma rede japonesa, também já está em fase de pré-cadastramento. Nela, os clientes pagarão uma taxa de R$ 15 por ano para levar, em cada visita, cinco produtos com valor até R$ 100 cada um – neste caso, são permitidas visitas diárias, de segunda a sábado. A variedade de produtos é a mesma do Clube Amostra Grátis, e eletrônicos também devem ser testados na loja.

Com maior possibilidade de visitas, o prazo para o preenchimento do questionário com a opinião sobre o produto é menor – de cinco dias corridos. No caso da Sample Lab, entretanto, o foco maior são produtos novos – a serem lançados ou que acabaram de chegar ao mercado. “Acho que a pessoa tem três motivos para participar: procurar o grátis, ter acesso a lançamentos e ajudar a marca a construir um produto melhor”, explica o publicitário João Pedro Borges, um dos sócios da franquia, que tem como parceira o Ibope na validação das pesquisas.

Apesar de as duas lojas levarem o conceito de “amostra” no nome, ambas oferecem produtos em seu tamanho original. E mesmo com semelhanças em sua essência – nas duas é preciso ser cadastrado para participar – os dois modelos apresentam diversas diferenças, como localização e acesso aos produtos. Confira abaixo as principais.

Com hora marcada
Assim como na matriz japonesa, na Sample Central é preciso marcar horário para entrar na loja e escolher seus cinco produtos. “Queremos garantir que a experiência de consumo seja boa. Cada pessoa pode ficar um período de até uma hora dentro da loja, e podemos atender até 70 clientes ao mesmo tempo”, explica Borges. Entretanto, se a pessoa não tiver agendado o espaço, mas for cadastrada, pode entrar se houver horário disponível no momento procurado.

Dentro da loja, o consumidor irá encontrar até 150 itens diferentes. Já em casa, após utilizar o cosmético, provar a bebida ou usar o calçado retirado na loja, o consumidor deve acessar seu cadastro no site da Sample Central e responder um questionário para cada produto – com seis a dez perguntas fechadas e uma aberta, optativa. A loja será montada na Rua Augusta, próximo à Avenida Paulista – para garantir acesso fácil e presença de clientes em todos os horários ao longo do dia.

Caso consiga um novo horário para voltar antes de cinco dias – prazo para preencher os questionários – o cliente precisa ter respondido ao menos um para ter suas “compras” liberadas novamente.

Sem hora marcada
Por permitir a retirada de apenas cinco produtos por vez – em até cinco visitas – o acesso ao Clube Amostra Grátis é mais livre, sem necessidade de agendamento. “A pessoa pode ir quando estiver livre, tiver um intervalo em seus compromissos”, diz Gaeta.

Entretanto, a ideia é direcionar o negócio para um público mais restrito, para garantir o atendimento. Segundo o empresário, a procura pelo pré-cadastro está acima do esperado – e os cadastros podem ser interrmpidos quando chegarem a 20 ou 30 mil clientes, dependendo de como ficará o atendimento.

Gaeta acredita que será possível atender até 250 pessoas ao mesmo tempo, com acesso a uma média de 150 itens diferentes. Ele ressalta que o foco, para as empresas, não é oferecer produtos quase de graça – e sim melhorar a relação com os clientes. “Para o fabricante interessa a resposta, o retorno do cliente”, explica. A loja será aberta na Vila Madalena.

Incentivos
Como o grande negócio dos projetos é produzir opiniões dos consumidores para as grandes marcas, as duas lojas aplicam punições para a falta de questionários – e incentivos para sua resposta completa.

No caso da Sample Lab, ter questionários pendentes depois do prazo diminui o número de produtos que podem ser retirados na próxima visita – duas pendências, por exemplo, reduzem as retiradas de cinco para três itens. E se a pessoa acumular dez questionários sem preenchimento em um ano, o cadastro é cancelado. Fazer tudo dentro dos prazos rende pontos, que aumentam as vantagens do cliente ao longo do tempo.

No Clube Amostra Grátis, o esquema é mais restritivo – apenas um questionário pendente já impede a retirada de qualquer produto na visita seguinte.

Para incentivar a presença na loja – e com isso, garantir mais empresas interessadas no negócio –, as duas marcas apostam na experiência de consumo livre. “É diferente da loja tradicional, que tem vendedor que fica atrás do cliente”, diz Borges. “Na gôndola não tem publicidade, a embalagem do produto já é a propaganda. Também não tem preço – a pessoa escolha o que quiser, sem se preocupar com isso”, afirma Gaeta.

As duas lojas compartilham apenas duas restrições: não serão oferecidos cigarros entre os itens expostos, e bebidas alcoólicas só serão liberadas mediante a apresentação de documento de identidade.

Está aí uma ótimo negócio para servir de ponte entre as empresas e os clientes, claro para as empresas que acreditam que ouvir o consumidor faz parte do negócio.

Abs,

Jony Lan
Especialista em estratégia, marketing e novos negócios
jonylan@mktmais.com

Fonte: G1

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