Turismo: Estrada Real em Minas está longe de ser turística

segunda-feira, maio 10, 2010 Jony Lan 0 Comments

Um projeto para ser turístico tem que ter infra-estrutura. No papel é belo, na prática é um "mapa de rally", qualquer falha e você se "perde". O Roteiro lançado em 1999 foi criado para ser internacional, mas estrangeiros são apenas 7,8% dos visitantes e onze anos depois, a Estrada Real só atrai turismo local.

Pelos caminhos de Minas Gerais 1.926 sinalizadores com as montanhas do Estado e a coroa portuguesa dos tempos do Brasil Colônia estilizados marcam os limites da Estrada Real, caminho por onde o ouro e as pedras preciosas eram escoados até o mar e dali para a Europa a partir do século XVII. As maravilhas alardeadas por eles, porém, não atraem o turista de longe. Por ano, o roteiro recebe cerca de 2,5 milhões de turistas, sendo 51,8% deles mineiros e 40,2% de outros Estados, sobretudo os vizinhos Rio de Janeiro e São Paulo. Os estrangeiros são apenas 7,8% do total. Os dados são do Observatório do Turismo, ligado ao Instituto da Estrada Real (IER).

É como se a Estrada Real fosse um parque à céu aberto. A venda do "produto" é mal feita. Enquanto milhares de pessoas visitam o Caminho de Santiago na Espanha, no Brasil, a venda desse caminho é nulo.

Ainda segundo o Observatório do Turismo, a taxa média de ocupação dos hotéis e pousadas do roteiro é de 34,9% e o tempo de permanência do visitante é de três dias. A Estrada Real é um roteiro criado em 1999 com cidades de Minas, São Paulo e Rio de Janeiro.

Estrutura
Para especialistas, falta infraestrutura para atender turistas mais exigentes.

A maioria dos locais não tem infraestrutura e pessoal qualificado para atender o turista. O professor do Instituto de Geociências da UFMG Allaoua Saadi tem a mesma opinião. "A Estrada Real deixa a desejar como produto turístico", diz. Ele completa que quem procura o destino motivado pelas propagandas se decepciona por não encontrar a estrutura adequada. "Tem um descompasso entre o que é dito e o que é feito", diz.

O diretor geral do IER, Baques Sanna, festeja esses avanços. Segundo ele, desde 2006 o número de turistas dobrou. "De um modo geral, todas as cidades deslancharam", afirma. Ele diz que as deficiências em infraestrutura estão sendo resolvidas e, desde 2006, o circuito recebeu cerca de R$ 5 milhões em investimentos.

Roteiro é desconhecido fora de Minas Gerais
Vender viagens para a Estrada Real para quem está fora das montanhas de Minas não é tarefa fácil. Das 75 operadoras filiadas à Associação Brasileira de Operadoras de Turismo (Braztoa), apenas uma, a MGM, oferece pacote para o destino, que está longe de figurar entre os mais procurados. “Quem vai é porque já conhece Minas”, diz a supervisora do departamento de marketing, Lediane Lodi.

Ela explica que há um desconhecimento sobre os atrativos da Estrada Real. “Para outros destinos, colocamos só o preço e a duração do pacote. Para Estrada Real, tem que ter uma página com informações”, compara. A MGM atua no Paraná, Rio de Janeiro, São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Há opções com permanência de duas a sete noites e passeios nas principais cidades históricas. O pacote mais barato custa R$ 1.850 por pessoa.

Além da MGM, outras operadoras vendem pacotes para as cidades históricas mineiras, sem vincular o destino à Estrada Real. “O turista acaba sabendo que está na Estrada Real depois, pelos marcos do caminho”, admite o diretor geral do Instituto Estrada Real (IER), ligado à Federação das Indústrias de Minas Gerais (Fiemg), Baques Sanna. Segundo ele, o IER e o governo estão trabalhando com o setor de turismo para unificar a denominação. (APP)

Nem todas as 199 cidades que compõem o circuito da Estrada Real integravam a rota original que ligava as minas de ouro e pedras preciosas ao mar. Quando foi lançado, o roteiro tinha 177 cidades, mas outras foram incorporadas porque tinham algum tipo de ligação ou identidade histórica com a rota.

Segundo o IER, se somados os visitantes de todos os municípios, o número de turistas chegaria a 15 milhões por ano, mas a maioria deles, como os que vão a Aparecida do Norte, em São Paulo, ou ao Rio de Janeiro, nem sabe que as cidades pertencem ao circuito.

O problema de roteiros como o da Estrada Real no Brasil, além da falta de infra-estrutura é a falta de sinalização. Se nas próprias cidades as pessoas que seguirem placas ficam perdidas, imaginem fora das grandes cidades. A falta de informação colabora com o desastre do projeto. Na minha opinião, um simples ponto de informação turística com mapas ajudaria em muito a aventura do turista pelos grotões de Minas e do Brasil. Só esses dois pontos já ajudariam em muito o turismo em qualquer parte do Brasil. Não é a toa que o turista brasileiro quando vai ao exterior sempre quer voltar para lá, qualquer lugar conseguem mapas e informações sobre o que fazer. Já aqui, estamos patinando em pontos simples e básicos.

Para quem estuda turismo, não se preocupe só com as atrações, elas são mais "fáceis" de planejar, preocupe-se com os pontos simples e básicos, sem informações, sinalizações e mapas, qualquer viagem pode ficar frustrada.

Abs,

Jony Lan
Especialista em estratégia, marketing e novos negócios
jonylan@mktmais.com

Fonte: O Tempo

Conteúdo relacionado