Tendência e oportunidade: Classe C já contrata até decoradores

quarta-feira, agosto 18, 2010 Jony Lan 0 Comments

Com dinheiro no bolso e mais anos de estudos, classe C começa a contratar profissionais que ajudem eles a decidir melhor sobre artigos para casa. É um somatório de contexto econômico, cenário da construção e mudança do perfil da classe C.

Até há pouco tempo, contratar um decorador era luxo exclusivo das classes de maior renda. Mas de cinco anos para cá, a classe C descobriu as vantagens de contar com o serviço especializado na hora de escolher móveis e adornos. É o que garantem os profissionais da área. Roseli Tupinambá é designer de interiores e vive com a agenda cheia. "Eu percebo que o perfil vem mudando desde 2005. Hoje, grande parte dos meus clientes é de casais, principalmente do bairro Castelo, que é onde moro. O bairro é novo, está em crescimento, e as pessoas de todas as classes têm procurado o meu trabalho", conta. Segundo Roseli, a maioria dos clientes tem dúvidas sobre iluminação, cor de paredes, tapetes e adornos. "Eles não querem decidir sozinhos sobre um detalhe que, com o tempo, pode se tornar cansativo. Então, preferem investir no projeto que vai adequar móveis e objetos ao perfil dos moradores da casa", explica.

Cecília Rabelo, 32, morava com o marido em um apartamento de dois quartos com 55 metros quadrados. Com intenção de ver a família crescer, a fonoaudióloga se mudou para um apartamento maior, com três quartos, suíte, varanda e dependência completa de empregada. O problema foi encher os novos 120 metros quadrados de móveis. Com a ajuda de uma decoradora, ela conseguiu aproveitar os que já tinha e fez uma boa economia. "Eu aproveitei minhas cadeiras e comprei só a mesa de jantar maior. Com os pés e o vidro da minha antiga, fiz um aparador. Aproveitei meus pufes e só mandei encapar com um tecido mais moderno. O restante dos móveis tive que comprar mesmo. Mas consegui economizar pelo menos R$ 5.000 com as adaptações graças às ideias da decoradora", diz.

De acordo com a tabela da categoria, o valor do projeto pode ser fixado por metro quadrado ou por ambiente. No caso de um apartamento de dois quartos, o preço gira em torno de R$ 3.500 e, com o aumento da demanda, também houve reajuste dos valores. "Além da grande procura, o trabalho do decorador ficou mais minucioso, encarecendo o projeto. Hoje, o cliente chega a gastar de 15% a 20% do valor do imóvel com o projeto e a decoração", garante a decoradora Ana Paula Paolinelli. Segundo ela, os produtos sustentáveis, como a madeira de reflorestamento com acabamento de lâmina sintética, estão cada vez mais acessíveis para os clientes com orçamento limitado.

Tendências da decoração
Ana Paula explica que a tendência atual da decoração é voltada para os tons naturais, variáveis do marrom. Além disso, valorizar os espaços é fundamental, uma vez que os apartamentos para a classe média estão cada vez menores. "Devemos priorizar a forma de utilização dos espaços. Com o trabalho do decorador, é possível reduzir custos aproveitando todos os nichos", revela.

Outro detalhe importante é a iluminação. Roseli Tupinambá lembra que uma simples luz pode modificar o ambiente. "Existe toda uma harmonização entre a luz, os objetos e as cores dos móveis e estofados. O trabalho é minucioso, mas agrega muito valor", garante.

Classe D | Preço mínimo é de R$ 50 mil
A decoradora Nara Cunha viu um crescimento vigoroso de até 20% na demanda de pedidos de móveis para casas e apartamento novos. No projeto de decoração, ela explicou que a pessoa pensa sempre num projeto para a casa toda e a decoradora tem visto a participação cada vez maior da classe D nos pedidos de decoração para a nova moradia.

"São projetos com preços a partir de R$ 50 mil para a sala de estar, sala de jantar, quarto de criança e quarto do casal", explicou a democratização nas encomendas para a classe D.

Devido ao crédito facilitado, Nara Cunha tem visto muitos apartamentos vendidos para pessoas da classe D que estão podendo comprar e, consequentemente, fazerem uma decoração. O pagamento dos móveis pode ser feito em até dez vezes. "As pessoas estão procurando móveis que vão durar por mais tempo que sejam bonitos e que não sejam modismo", descreveu a opção.

A prática também é a de dar a planta do imóvel para o profissional começar a planejar. "O cliente começa a pagar antes de receber as chaves para morar", disse.

A paisagista e urbanista Carla Pimentel também está animada. Tem em torno de 20 a 25 projetos por ano. "A demanda tem crescido constantemente", afirmou a profissional.

O salário inicial de um profissional recém-formado na área do paisagismo pode chegar a R$1.500. "Isso depende muito dos cursos dessa pessoa, ou seja, da complexidade do seu currículo", disse Carla, que também é gestora ambiental pelo Uni-BH. "Mas os clientes têm sido bastante seletivos ao escolher esses profissionais. Aliar um bom custo a uma boa qualidade é requisito para essa escolha, mas não basta ter um custo barato", explicou Carla. (HL)

Feng Shui
Filosofia chinesa por R$ 720

A cultura milenar vem da China e começa a ganhar o gosto dos brasileiros. O Feng Shui trabalha com o posicionamento dos objetos dentro de um ambiente para garantir a harmonização das energias do espaço.

Como a técnica influencia diretamente o trabalho dos decoradores, eles começaram a se especializar em projetos que aplicam a filosofia chinesa. Sheila Mundim tem um escritório de arquitetura e começou a inserir o Feng Shui em alguns trabalhos. Como a demanda aumentou, ela contratou uma pessoa para atender exclusivamente os clientes que exigem a decoração de acordo com a técnica. “Hoje, a cada dez clientes, três pedem o Feng Shui. Inclusive para projetos comerciais. As pessoas estão melhorando de vida e querem que isso se reflita também na harmonização do ambiente”, explica.

De acordo com a filosofia chinesa, a disposição dos objetos se relaciona com os materiais dos quais eles são feitos e, inclusive, com a incidência da luz solar no ambiente.

“Às vezes, o cliente nos procura dizendo que decorou uma sala do jeito que queria, mas que não se sente atraído a ficar no espaço. Então, com o conhecimento do Feng Shui, a gente muda um objeto de lugar, ou substitui um vaso de cerâmica por um de madeira, por exemplo, e toda a energia do local se altera”, explica a arquiteta Tânia Freitas, que cobra R$ 720 para aplicar a técnica em um apartamento com dois quartos.

Ela também admite que a procura aumentou nos últimos três anos. “Quando falo que fiz curso, que trabalho com o Feng Shui, as pessoas ficam muito interessadas. Todo mundo hoje se preocupa com a energização”, conclui. (AL)

Abs, 

Jony Lan 
Mestre e Consultor em estratégia, marketing e novos negócios 
jonylan@mktmais.com

Fonte: O Tempo

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