Webjet, vítima da Estratégia Terrorista ou da falta de Estratégia?

quinta-feira, setembro 30, 2010 Jony Lan 0 Comments

Ocupando o quarto lugar na classificação das maiores empresas do setor, a Webjet opera 20 aeronaves para atender dez destinos com cerca de 115 voos diários e detém 5,8% do mercado doméstico.

Fator "Governo"
O rigor da punição aplicada pela Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) à empresa aérea Webjet pelos cancelamentos e atrasos de voos nos últimos dias - a suspensão temporária da venda de passagens, o que afeta o fluxo de caixa da empresa - contrasta com a tibieza com que a agência reguladora acompanhava a evolução dos problemas da transportadora aérea, que conhecia há tempos, e não atende aos interesses dos principais prejudicados, os passageiros. Com a aplicação da pena, a Anac demonstra autoridade, mas melhor teria sido para o sistema aéreo em geral, e para os passageiros em particular, se ela tivesse utilizado seus poderes há mais tempo, e com mais eficácia, para evitar que o problema se tornasse tão grave.

Será que a fiscalização foi atrasada, imparcial e irresponsável? Ou será que ela fez o seu papel motivada por alguma denúncia?

O fato é que depois dessa ação, em média, mais de 50% dos vôos da Webjet foram cancelados nessa semana.

A Webjet alega que, em dois meses, 30 copilotos deixaram a empresa, para trabalhar nas concorrentes maiores, e que não teve tempo, ainda, para treinar adequadamente os substitutos, daí não ter podido realizar todos os voos programados. A presidente do Sindicato dos Aeronautas, Graziella Baggio, responde que uma empresa só perde tantos profissionais se os salários que ela paga estiverem abaixo da média do mercado. "Há muitas queixas de salário na Webjet, principalmente para comissários e copilotos, além de não pagarem benefícios, como o fundo de previdência complementar", disse Baggio ao Estado.

Ou seja, a Estratégia das concorrentes foi enfraquecer a Webjet no ponto que mais está afetando o Brasil, mão-de-obra qualificada? Ou isso já é uma prática do mercado, retirar bons profissionais dos seus concorrentes, independente do setor? Claro que ambas as situações são possíveis e óbvio que quem não se planeja, não se programa, não fica atento a esses detalhes, acaba gerando um prejuízo futuro maior. É uma irresponsabilidade da gestão não dar atenção à esses fatos. Inerte é aquele que deixa as coisas acontecerem de qualquer maneira, deixa a rotina engolir o dia-a-dia e se nega a aceitar uma ajuda externa, uma assessoria ou uma simples opinião.

Consequências
Em julho, a ANAC aplicou à Webjet uma multa de R$ 225 mil por desrespeito à legislação que limita o número de horas de trabalho das equipes de voo. Será que afetou o caixa da empresa? Será que ela está com mais problemas do que sabe fazer, voar?

O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios instaurou um inquérito civil público para apurar as causas e as responsabilidades dos atrasos e cancelamentos dos voos da Webjet desde segunda-feira. O MP pede explicações para a companhia e para a Agência Nacional de Avião Civil (Anac) sobre o apagão aéreo instalado nos principais aeroportos do Brasil.

Conspiração Estratégica?
Se pensarmos em uma linha reta, a denúncia de alguém pode ter iniciado todos os desdobramentos que aconteceram com a Webjet até o momento. Enquanto todos cumpam a Webjet, será que ela não é a vítima de uma Estratégia Terrorista bem mais elaborada?

A fiscalização mais rigorosa das condições operacionais das companhias aéreas contribuirá para amenizar o risco de novo caos aéreo. Mas continuarão sérias as ameaças de um colapso do sistema aéreo nacional, pois são graves as deficiências do sistema aeroportuário, que já está saturado.

Fica a pergunta, quem será a próxima vítima? Os passageiros ou a gestão das empresas aéreas?


Abs,

Jony Lan
Especialista em estratégia, marketing e novos negócios
jonylan@mktmais.com

Fonte: O Tempo, Estadão

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