Estratégia de Marketing | Moto G da Motorola entra na guerra de preços dos smartphones mais simples

quinta-feira, novembro 14, 2013 Jony Lan 0 Comments


Antes você tinha celulares simples e smartphones. Na busca por mais rentabilidade, ficou visível de que haviam vários gaps em que as empresas de celulares poderiam explorar. A Samsung foi craque nisso e quando percebeu, lotou o mercado com celulares em todas as faixas de preços. As outras marcas, ainda escolheram ficar com os mais caros ou high end's, com maiores tecnologias. Recentemente o Iphone laçou sua versão "C" (quase pensado para a classe C) e baixou seus preços. E pelo visto essa foi a estratégia da Motorola, G de Google, provavelmente. E se posicionou para não ficar brigando com as que já dominam o mercado de smartphones high end's. Bom pelo menos por enquanto.



O Brasil não é estranho a Denis Woodside. O executivo americano comandou a operação do Google na América Latina e visitava o país com frequência. Foi ele, por exemplo, quem atendeu a imprensa nacional quando Alexandre Hohagen, até então VP do buscador na América Latina, foi assumir posição idêntica no rival Facebook. Sua visita nesta semana, porém, tinha algo de novo. Era a primeira vez que Woodside viria ao Brasil como CEO da Motorola para lançar um produto (no ano passado, ele esteve por aqui para reuniões internas). Na manhã desta quarta (13), o executivo lançou globalmente o novo smartphone da Motorola, o Moto G.

Tecnicamente, o Moto G é uma versão parecida, mas menos sofisticada, do Moto X, primeiro smartphone lançado com fanfarra após a aquisição da fabricante pelo Google. O aparelho tem tela de 4,5 polegadas em alta definição, chip com quatro núcleos de 1,2 GHz, suporte a redes 3G (nada de LTE), câmera de 5 megapixels e memória interna de até 16 GB. O sistema operacional é o Android 4.3, conhecido como Jelly Bean, mas a atualização para o Android 4.4 KitKat está garantida. O design é bem parecido ao do Moto X, com capas coloridas que podem ser acopladas à parte de trás do gadget.

A caractertística mais festejada pela Motorola, porém, é seu preço. Woodside defende que o Moto G rivalizará direto com smartphones topo de linha de Apple e Samsung, como iPhone 5 e o Galaxy S4, respectivamente, por um preço menor. No Brasil, o aparelho custará 649 reais desbloqueado. Com planos de operadoras, custará ainda menos. O objetivo do Moto G, é bem claro: ganhar mercado em um filão da população que não tem tanto dinheiro para comprar o iPhone ou o Galaxy mais novos. “Estamos em um mundo onde um bilhão de pessoas têm smartphones hoje, mas existe mais de cinco bilhões que não. Ou eles não conseguirão comprar um smartphone ou a experiência será muito ruim”, explica Woodside em entrevista exclusiva para a Época NEGÓCIOS.

O executivo não tem pudores de citar os rivais ao contextualizar o celular no mercado brasileiro. “O Moto G venderá por 649 reais, enquanto o iPhone 5 é mais que 2.400 reais. O iPhone 5S pode ser próximo a 3 mil reais”, diz. A diferença de preço, aposta ele, será fundamental para que uma classe menos abastada – “que vocês chamam de classe C aqui no Brasil” – prefire o telefone aos rivais em uma faixa de preço parecida. Ser barato já ajuda. Ter os subsídios das operadoras ao lado (é o caso da Claro, por enquanto) é ainda melhor.

O Moto G abre um novo filão na reinvenção que a Motorola vem sendo sofrendo nos últimos dezoito meses, quando o Google comprou a então decadente fabricante de smartphones. Sob a gestão de Woodside, a Motorola demitiu 4 mil funcionários, vendeu sua divisão de set-top boxes e diminuiu o portfólio de produtos. No ano anterior à compra, foram 40 novos produtos lançados. Sob o Google, o número caiu para 4, entre eles o Moto G. Woodside diz que vê o mesmo movimento de adoção de smartphones no Brasil em regiões como Oriente Médio e Europa Central.

É nesta onda que a Motorola quer surfar. Hoje, quem já está lá são fabricantes tentando se recuperar, como a Nokia, e outras desconhecidas, donas dos celulares popularmente conhecidas no Brasil como “xing-lings”. Woodside defende que, mesmo com o preço, o Moto G tem “um lucro razoável”. Mas a questão aqui não é de dinheiro – isto o Google tem de sobra e não dá sinais de que se incomoda com o prejuízo acumulado pela fabricante (mais de US$ 800 milhões em 2013). O foco aqui é construção de marca, fazer as pessoas conhecerem um dos novos smartphones da Motorola. Debaixo da camada de verniz que todo discurso de executivo nos lançamentos tem, o Moto G parece dar à Motorola mais chances neste setor que no de smartphones high-end.

Abs,

Jony Lan 
Especialista em estratégia, marketing e novos negócios
jonylan@mktmais.com

Fonte: Época Negócios

Conteúdo relacionado