Indicadores: Varejo já se adapta a consumidores idosos

segunda-feira, dezembro 14, 2009 Jony Lan 0 Comments

Da indústria de cosméticos às academias de bairro, o varejo brasileiro já começa a se adaptar ao consumidor acima de 60 anos. Não à toa. O comércio está de olho no potencial de consumo desses idosos, estimado em R$ 255,6 bilhões ao ano. Segundo especialistas, ao apostar no público mais velho, o varejo faz bem: além de renda, ele tende a ser fiel.

- Uma pequena parte do varejo está preparada para atender com excelência o idoso. Nossas pesquisas apontam que, além de mais fiel, quase metade desses consumidores gasta mais do que esperado - comentou Nuno Fouto, professor do Programa de Administração do Varejo (Provar).

O setor do turismo foi um dos primeiros a apostar no nicho. Segundo pesquisa do QuorumBrasil, viajar é o desejo de consumo da maioria (58%) dos idosos. Por isso, por exemplo, o Ministério do Turismo tem há quase dois anos o "Viaja Mais Melhor Idade Hospedagem", em que o idoso paga metade do valor da hospedagem. Além disso, hoje, 60% dos passageiros de cruzeiros têm mais de 60 anos. Até o segmento de intercâmbio já se rendeu. Na agência Student Travel Bureau (STB), por exemplo, o intercâmbio para a terceira idade representa 2% dos viajantes de EUA, Canadá e Inglaterra.

- Fomos eu e uma amiga para o Canadá, onde meu filho estava, fazer um curso de inglês. Estávamos num jardim de infância: éramos, sem dúvida, as mais velhas da turma. Mas fizemos amigos de outros países, passeamos e nos divertimos muito - disse Dircea Ferreira, de 62 anos, que já sonha com o cruzeiro que fará em 2010.

Programas de condicionamento físico para idosos aparecem em academias, como a Companhia Athletica. Já o Instituto de Dança, de Dona Arlete, 73 anos, criou a aula Dança Fisio. que une dança e fisioterapeuta.

- Temos alunos com mal de Alzheimer, Parkinson, depressão e dificuldades de locomoção, porém, durante a dança e com o fisioterapeuta, eles se reintegram à arte de sorrir e vivem a juventude - conta o professor Antônio Carioca.

No segmento de beleza, a Natura mudou há alguns anos a forma de tratar esse público: em vez de estimular a beleza jovem, a empresa apresenta a beleza de cada idade. E em potes de cosméticos, há indicações para quem tem acima de 60 anos.

- Essa consumidora é exigente, não acredita em milagres e lê rótulos - explicou Renata Ortolani, gerente de Unidade de Negócios de Natura.

Nos salões de beleza, o tratamento também é diferenciado. Alfredo Pedroza, gerente do Crystal Hair, explica que suas clientes idosas compartilham vivências. Em média, gastam R$ 800 por mês. No Éclat, o movimento surpreendeu os donos:

- Tudo foi pensado para esse público. As cadeiras e lavatórios oferecem regulagem extra para oferecer mais conforto - disse Márcio Mello, sócio do Éclat.

Fonte: O Globo

Conteúdo relacionado