Novos negócios | Facebook vai entrar no mercado de transações financeiras e quer seus dados

quinta-feira, março 19, 2015 Jony Lan 0 Comments

Diversificar para sobreviver, essa estratégia é velha, do século passado e não é por acaso que o Facebook começou a traçar várias estratégias nesse campo de forma relacionada. É o que chamamos de diversificação relacionada. Quando pagou US$ 22 bilhões pelo WhatsApp, o Facebook não estava atrás apenas do app de mensagens instantâneas mais popular do mundo, mas dos números celulares de centenas de milhões de pessoas, informação valiosíssima e que poderia ser cruzada com o próprio banco de dados da rede social. Ou seja, estava buscando uma forma de agregar mais valor ao seu negócio.

Agora, a empresa de Mark Zuckerberg vai acrescentar mais um campo importante ao seu banco de dados: os números de cartão de débito de seus usuários.

O Facebook anunciou esta semana que vai incluir no Messenger, seu serviço de mensagens instantâneas, a funcionalidade de transferência financeira entre pessoas físicas.

A novidade chegará primeiro para os usuários norte-americanos ao longo dos próximos meses e depois será exportada a outros mercados cuja lista ainda não foi divulgada.

Para enviar e receber dinheiro, as pessoas precisarão informar o número de seu cartão de débito (não funciona por enquanto com cartão de crédito e nem PayPal).

Haverá um botão com o símbolo do cifrão dentro de cada conversa particular, para a realização de transferências. O serviço será para uso pessoal, não para negócios. O usuário poderá definir uma senha própria para sua utilização.

A novidade estará disponível nas versões Android e iOS do app do Messenger. Nesta última, será possível adotar a impressão digital (Touch ID) como forma de autenticação. Não haverá cobrança pelas transferências: o serviço será gratuito.

A compensação acontecerá dentro de três dias úteis.

Em seu comunicado oficial, o Facebook ressalta que tem experiência desde 2007 em garantir a segurança de transações financeiras digitais, por conta das parcerias com jogos dentro da rede social e também com a venda de anúncios.

Hoje são feitas mais de 1 milhão de transações financeiras por dia através do Facebook.

Análise

O Messenger não é o primeiro app de mensagens instantâneas a incluir transferência de valores entre seus usuários. A moda começou na Ásia, com os concorrentes Line e WeChat. Recentemente, o norte-americano Snapchat anunciou o mesmo.

Mas como o Facebook vai rentabilizar esse serviço se não há cobrança pelas transferências?

A partir do momento em que muita gente tiver seus dados bancários registrados na rede social, a empresa poderá começar a oferecer a venda de produtos, digitais ou físicos, dela ou de terceiros, tendo o Messenger Payments como forma de pagamento.

E, aí sim, poderá cobrar uma taxa pela intermediação da transação para terceiros, tal como fazem diversas outras empresas de processamento de pagamentos na Internet hoje em dia, com a diferença de a compra acontecer dentro da maior rede social do mundo, o que talvez confira uma sensação maior de segurança para o consumidor.

Outra vantagem para o Facebook é a de fidelizar seus usuários.

Com seus dados bancários embutidos na rede social e sendo possível realizar transferências e compras, as pessoas vão pensar duas vezes antes de desativarem seus perfis.

Se confirmada essa estratégia, quem deve botar as barbas de molho? Gigantes de e-commerce, como Amazon e Alibaba, assim como processadores de pagamentos digitais.

E por que escolher o Messenger e não o WhatsApp para receber a função de transferência financeira?

Primeiro, como já foi dito, porque o Messenger está integrado ao Facebook, onde provavelmente haverá integração com a venda de produtos e serviços.

Segundo porque assim os dois serviços de mensagens se diferenciam um pouco.

O Messenger ganha relevância para transferências de valores e o WhatsApp em comunicação, ainda mais depois que for lançada a sua funcionalidade de chamadas VoIP, conforme analisado na semana passada por MOBILE TIME.

Não se sabe quando ou mesmo se o serviço será lançado no Brasil. Fica a dúvida de como ele será gratuito aqui, onde transferências entre bancos diferentes, o chamado DOC, têm um custo alto.

Fonte: Exame

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