Diferencial para crescer | L’Occitane vai exportar linha com matéria-prima nacional

segunda-feira, outubro 14, 2013 Jony Lan 0 Comments

“A ideia é buscar um Brasil diferente, com matérias-primas que fogem senso comum”, diz Laura Barros, da L’Occitane. 

Companhia francesa apresenta nova proposta de varejo, com foco em produtos desenvolvidos no país a partir de ingredientes inusitados, como a vitória-régia

São Paulo - Os sabonetes, hidratantes, colônias e xampus confeccionados a partir de fontes inéditas de matéria-prima como Mandacaru e Jenipapo faziam parte de um projeto experimental lançado em março pelos franceses para, literalmente, tropicalizar a presença da L'Occitane no país. Mas, diante de uma excelente resposta do mercado, que em apenas três meses atingiu a expectativa traçada para os primeiros seis, a linha de produtos, então inserida na rede de 89 lojas En Provance, ganhou vida própria.

Além de abertura do primeiro ponto de venda exclusivo Au Brésil, com as fragrâncias "menos óbvias" do mercado, o Grupe L'Occitane já se estrutura para levar, na esteira da Copa do Mundo no país, o cheiro e as propriedades obtidas em regiões como Amazônia, Caatinga e Cerrado para os 90 países onde marca presença.

Alocada no shopping Morumbi, na zona Sul de São Paulo, a Au Brésil inaugurada na quinta-feira reúne 38 produtos, divididos nas linhas Mandacaru, Jenipapo, Vitória-Régia e Araucária - esta última lançada em conjunto com o novo varejo (as outras já estavam presentes nas prateleiras da marca-mãe).

Até o fim do ano, a meta é abrir outras quatro unidades, além de uma nova família de produtos, obtida a partir de uma planta "exclusiva". "A ideia é sempre buscar um Brasil diferente, com matérias-primas que fogem um pouco do senso comum, daquilo que o brasileiro está acostumado a ver em cosméticos", explica Laura Barros, diretora de marketing para as marcas da companhia no país.

Mas por trás do trabalho dos franceses com o DNA brasileiro está uma clara estratégia de internacionalização reversa. Ou seja: preparar a cadeia produtiva para, em 2014, exportar o portfólio Au Brésil. "Eu diria que o céu é o limite. Quando se fala do Brasil em qualquer lugar do mundo, todos arregalam os olhos. Falar do país é falar de uma grande marca", acrescenta Nicolas Geiger, diretor de marketing da companhia no país (e filho de Reinold, presidente global da L`Occitane En Provence).

Fornecedores se preparam para exportação

A prospecção da L'Occitane para novas oportunidades no mercado brasileiro começou há dois anos, quando a companhia, em parceria com a Solabia, de Maringá (PR), passou a estudar a viabilidade de matérias-primas pouco utilizadas na indústria de cosméticos. No caso do Mandacaru, o cacto da Caatinga capaz de fornecer aos cosméticos uma fragrância floral-aveludada e elevado poder de hidratação, o primeiro fornecedor foi um produtor de geléias no interior da Paraíba, que utilizava a planta como alimento dos bodes utilizados na logística da colheita.

"Nós fazemos a homologação das cooperativas e pagamos pelo extrato. Mas, como parte do crescimento sustentável, um percentual da venda de cada produto é revertido ao produtor justamente para que ele cresça conosco", diz Laura Barros, que compara o modelo desenvolvido no país ao de Burkina Faso, no lado ocidental da África, onde 15 mil mulheres hoje fazem o manejo das castanhas de carité largamente utilizadas pela companhia francesa na produção da manteiga de carité.

No laboratório de pesquisa e desenvolvimento da L'Occitane em Jundiaí (SP), onde fica o centro de logística e estocagem, foram desenvolvidos os compostos. Já a fabricação dos produtos é compartilhada entre as seguintes empresas: Sinter (para sabonetes em barra e colônias), Profissional Cosmético e Mappel (ambas para cremes e loções), e Fareva (aerossóis e embalagens).

"Estamos nos estruturando para exportar os produtos, mas leva um tempo até que toda a cadeia esteja preparada. Avançamos, mas ainda falta um pouco", finaliza Nicolas Geiger.

Abs,

Jony Lan 
Especialista em estratégia, marketing e novos negócios
jonylan@mktmais.com

Fonte: Brasileconômico

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