Estratégia: "Made in China" está por trás das grandes marcas

sábado, maio 08, 2010 Jony Lan 0 Comments

Engana-se quem pensa que a China produz só bugigangas, produtos de má qualidade e de procedência duvidosa. Por trás das grandes marcas adquiridas nas lojas há uma etiqueta "Made in China".

"Há diversas marcas de luxo e sofisticadas sendo fabricadas na China. Computadores e laptops da HP/Compaq, semicondutores e chips da Intel, ipods da Apple, celulares da Motorola, roupas da Lacoste, Ralph Lauren, carros Audi. Enfim, quase tudo é feito na China hoje em dia", afirma o diretor da Câmara de Comércio Brasil China (CCBC), Kevin Tang. Ele lembra que não são apenas as grifes mundiais que aderiram à onda. "Aqui no Brasil há várias grandes redes de vestuário que também produzem na China, como Colcci, Richards, Ellus, entre outras", completa.

Carga tributária menor, câmbio desvalorizado, mão de obra abundante e a política agressiva de comércio exterior são as justificativas mais lembradas por especialistas na hora de explicar o fenômeno chinês. Para o Brasil, a invasão chinesa provoca desindustrialização, perda de empregos e de investimentos nas linhas de produção. "Nossa maior ameaça é a exportação de mão de obra. Hoje eles dominam de 9% a 10% da produção mundial, amanhã pode ser 40%", afirma o presidente do Sindivestuário, Ronald Moris Masijah.

O setor têxtil é um dos principais atingidos pela sanha comercial chinesa, além dos segmentos de calçados, brinquedos e produtos eletroeletrônicos. De acordo com a Associação Brasileira dos Fabricantes de Brinquedos (Abrinq), a China responde por 75% da produção mundial. No Brasil, o percentual sobe para quase 90%. O setor, que antes empregava cerca de 32 mil pessoas, hoje gera no máximo 24 mil postos de trabalho. "Evidente que houve um aumento da automação industrial, mas muitos postos foram fechados por conta das importações chinesas", afirma a entidade.

Participação. O gigante asiático exporta peças, componentes e produtos acabados. Em 2009, a China se transformou no principal parceiro comercial do Brasil, com uma corrente de comércio, soma das importações e exportações, de US$ 36,102 bilhões. A participação chinesa em nosso mercado cresceu mais de 15 vezes nos últimos 20 anos.

Escalada
Salto. Nos últimos 20 anos, a participação da China nas exportações brasileiras cresceu mais de 15 vezes. Em 1990, era de 0,7% e, no ano passado, representou 12,46%, segundo
o governo.

Maioria das empresas não assume origem
A fama chinesa, no entanto, produz um outro efeito. A maioria das empresas que importam produtos da China evita relacionar o país asiático à marca dos produtos. Em entrevista a uma revista semanal brasileira, a escritora norte-americana, especializada no mundo da moda, Dana Thomas, explica isso. "Não seria correto afirmar que tudo o que é produzido na China é ruim. Pelo contrário. As marcas estão ensinando qualidade aos fabricantes chineses e eles estão melhorando cada vez mais. O problema é que deveria ficar claro para o consumidor que a bolsa que ele compra imaginando ser feita à mão é produzida numa fábrica em larga escala", disse.

Uma sondagem realizada em 2007 pela Confederação Nacional da Indústria (CNI) revelou que uma em cada quatro empresas (26%) já concorre com a mercadoria chinesa. Na época, a China já teria "roubado" clientes de 58% de exportadores brasileiros que competem com suas mercadorias.

Aqui, são raros os empresários que admitem a opção de importar os produtos chineses. Uma exceção é o dono da Suggar, Lúcio Costa, que há anos escolheu a China como principal parceiro comercial. De lá vem a maior parte dos produtos da sua marca. (ZM)

Opção pelas exportações
Elisa Maria Pinto da Rocha,da Fundação João Pinheiro (FJP), ressalta a estratégia chinesa traçada há mais de 40 anos. A preferência pelo comércio exterior, em detrimento do mercado doméstico, trouxe resultados. “Eles tomaram medidas não só na área de infraestrutura, mas também no campo do desenvolvimento tecnológico”, afirma.

Apesar de ser um regime social-comunista, continua a especialista, o país asiático estimula a “criação de pequenas empresas”.

Para resumir, quase tudo que consumimos hoje, possuem insumos Made in China, e para os que acham que falta qualidade, as grandes marcas exigem certificações internacionais na fabricação chinesa, o que força a serem mais competitivas ainda.

Abs,

Jony Lan
Especialista em estratégia, marketing e novos negócios
jonylan@mktmais.com

Fonte: O Tempo

Conteúdo relacionado