Tendência: 'e-cards' ganham força entre artistas, gravadoras e selos para incentivar o consumo legal de música digital

Funciona assim: cada e-card traz a indicação de um site e um código que, ao ser digitado na página, dá direito a baixar o conteúdo. A quantidade de músicas para download varia de caso a caso. E, na maioria das vezes, é oferecido gratuitamente. A Sony, por exemplo, distribuiu dez mil e-cards no lançamento do DVD da dupla sertaneja João Bosco e Vinícius, no Vila Country, em São Paulo, no mês passado.
Bem mais do que um caminho para baixar música legalmente e incentivar o consumo, os e-cards são mesmo uma poderosa arma de promoção. Praticamente todas as gravadoras já experimentaram, desde a independente Deckdisc, com o Strike, até as grandes, como a Som Livre, que testou a novidade no lançamento da até então desconhecida Maria Gadú. O e-card dava direito ao download de "Shimbalaiê", hoje um sucesso.
Bandas independentes também estão adotando o formato. O Songoro Cosongo lançou as 12 faixas do disco "Psicotropical musik vol.II" simultaneamente em CD e em e-card.
- É uma solução barata para bandas independentes, principalmente na questão de distribuição - avalia o baterista Bernardo Palmeira. - De todos os que foram entregues 70% fizeram downloads.
Os cartões também podem se tornar um objeto de desejo. Durante a passagem de Beyoncé pelo Brasil, 50 mil e-cards foram distribuídos junto com os ingressos para o show no Estádio do Morumbi, na capital paulista. Um deles foi parar no MercadoLivre, e disputado como objeto de colecionador.
- Os consumidores recebem um brinde atrativo, que vira uma grande recordação de seu ídolo ou de um momento especial - defende Alexandre Schiavo, presidente da Sony Music Brasil. - Com o e-card, o fã pode fazer o download de músicas de sucesso, inéditas ou versões nunca lançadas, além de videoclipes, entrevistas exclusivas e até games. As possibilidades criativas são enormes. É um passaporte para o ambiente virtual.
Passaporte, aliás, é a definição perfeita para os e-cards. Diferentemente dos CDs promocionais - como aqueles que você ganhava no posto de gasolina, com uma única seleção de músicas -, com os cartões eletrônicos, a escolha é do freguês. E enquanto o fã pode viajar na seleção das faixas, quem está do outro lado analisa o comportamento e o gosto de seu cliente.
E-card Rio Music Conference 2010 / Reprodução
Gabriel Marques, vocalista da banda Moptop e criador do site 1download , não tem dúvidas de que o formato vale a pena:
- Gasta-se, em média, R$ 700 para produzir mil cartões, enquanto seria preciso R$ 3 mil ou R$ 4 mil para a mesma quantidade em CD.
Para Felippe Llerena, idealizador da Coolnex, braço da distribuidora de música digital iMúsica, primeira empresa a desenvolver esse tipo de mídia por aqui, os e-cards são "uma moeda de troca, além de um item colecionável que confere valor ao produto".
E não servem apenas para divulgar discos. Na noite de lançamento do livro "Música, ídolos e poder: do vinil ao download" (Nova Fronteira), do produtor musical André Midani, em 2008, quem comprava a edição recebia um e-card para baixar um determinado valor em músicas de uma loja virtual.
Os e-cards podem ser aplicados a diversos negócios, é só usar a cristividade e utilizar o novo meio de "cupons grátis" com os e-cards.
Abs,
Jony Lan
Especialista em estratégia, marketing e novos negócios
jonylan@mktmais.com
Fonte: O Globo