Jornal Daqui cresce e mostra a nova tendência dos jornais impressos, o preço

quinta-feira, agosto 19, 2010 Jony Lan 0 Comments

Já é sabido que o modelo de negócios dos jornais impressos com aquelas folhas gigantes já não é tão "amigável" na nova era da informação, em que cada vez mais o leitor privilegia a pouca informação superficial. A tempos os tablóides ingleses já entenderam isso. Em São Paulo o modelo de negócios desses tablóides invadiu a capital paulistana com a distribuição de jornais gratuitamente. Mas o sucesso do Super, jornal de Belo Horizonte ao preço de R$ 0,25 conquistou um crescimento surpreendente, ultrapassando em número de circulação a Folha de São Paulo. Fica a pergunta, os tablóides, grátis ou cobrados vem crescendo em circulação por que são baratos ou por que democratizaram o acesso à informação de uma classe de leitores que não queria gastar muito por informação?

 O jornal goiano Daqui, pertencente à Organização Jaime Câmara (OJC), atingiu no primeiro semestre crescimento de 20% , segundo dados do Índice de Verificação de Circulação (IVC). No mês de janeiro, a publicação somava 84 mil exemplares em venda e já no mês de junho alcançou a marca de mais de 100 mil exemplares vendidos. De acordo com o mesmo levantamento do IVC, que mede a circulação e venda dos principais diários, semanais e mensais do Brasil, a circulação média dos jornais no Brasil cresceu apenas 2% no primeiro semestre.

O diário, de apenas três anos, é o jornal com maior circulação na Região Metropolitana de Goiânia e um dos diários com maior penetração popular em todo o Centro-Norte brasileiro, pois aposta em uma estratégia que prioriza informação de qualidade e preços de capa acessível (R$ 0,50).

Novo contexto
No último ano, o Daqui vem explorando uma experiência multiplataforma com o lançamento da Rádio Daqui (AM 1.230 – Goiânia) e o Daqwitter, um Twitter de papel, do qual as melhores mensagens enviadas para a redação são publicadas no jornal, rádio e na própria página do veículo na rede social (www.twitter.com/daqwitter). A ferramenta é o braço de interatividade da redação do Daqui que, a partir do Daqwitter, pode ouvir as sugestões e opiniões do público para pautar suas reportagens e alertar as autoridades sobre os problemas da região.

De acordo com diretor de jornalismo da OJC, Luiz Fernando Rocha Lima, o sucesso do Daqui no primeiro semestre é reflexo do profissionalismo dos profissionais e da postura interativa do jornal. “Como o Daqui é um veículo popular, nos preocupamos com a participação das pessoas sem acesso à internet e que gostariam de sugerir de matérias, por isso nasceu o Daqwitter. A ferramenta hoje é um sucesso, pois o leitor sabe que encontrará nas páginas do jornal exatamente aquilo que lhe interessa”, declara o executivo.

MKTmais.com entrevistou Ronaldo Ferrante, Diretor de Negócios da Organização Jaime Câmara sobre esse novo modelo de jornal.

MKTmais.com | Qual foi a ideia conceito do editorial do Jornal?
Ronaldo | O conceito editorial do jornal Daqui tem como base uma linguagem simples, resumida e com ênfase em assuntos locais . Bastante foto, mais prestação de serviços e entretenimento, além de um formato compacto que facilita o manuseio mesmo em transportes públicos.

É dirigido para um público que quer ficar bem informado, mas não tem tempo nem dinheiro para ser consumidor do jornal “quality paper”, que tem por característica matérias com maior profundidade.

Um público que valoriza o fato de estar sendo bem informado e ao mesmo tempo estar sendo premiado por isso (através do Juntou Trocou que é inteiramente grátis).

MKTmais.com | O estímulo para seguir esse conceito editorial veio de exemplos de sucesso como o jornal Super de Belo Horizonte?
Ronaldo | Não, são modelos diferentes. O Daqui é exclusivamente um noticioso. O modelo econômico é de paginação fixa com 24 pgs tabloide e gera 50% de Ebitda margem. O mercado nacional já sinalizava que existia demanda de um produto com as características dos atuais jornais intitulados “populares”. O Daqui combina sucesso editorial com alta lucratividade.

O estímulo se deu com benchmarking em outros mercados e pesquisa qualitativa que realizamos em nosso próprio mercado, confirmando uma demanda latente por esse novo formato de jornal. Resultado desse trabalho é que não tivemos migração de leitores do nosso quality paper, realmente criamos “novos leitores”.

MKTmais.com |  Que aspectos foram estratégicos para o jornal crescer mais que os demais concorrentes?
Ronaldo | Decisões de gestão como: travar o jornal em 24 páginas, estabelecer um modelo econômico que sinalize o custo unitário ideal da promoção, fazer uma edição de “fim de semana” e não uma exclusiva de domingo etc.

Além disso, estar sempre inovando e criando canais que permitam a interatividade do leitor com o jornal: Daqwitter (participação pelo twitter através de cupons impressos no jornal), Rádio Daqui e promoções paralelas.


MKTmais.com |  Do faturamento do Jornal, quantos % são de publicidade e quantos % da receita com a venda do exemplar?

Ronaldo | Um modelo diferente de tudo que se conhece em jornais. 75% da receita vem da circulação e 25% vem da publicidade e gera 42% de margem Ebitda.

MKTmais.com | Como é a estratégia de vendas do jornal? Só em bancas ou utiliza outras ações?
Ronaldo | O tipo de venda é só “Avulsa”, não temos assinatura, no entanto ampliamos nossos canais de venda. Além de bancas, jornaleiros e padarias, estamos vendendo em supermercados, salões de beleza, distribuidoras de bebida etc.

MKTmais.com | Quais as próximas ações do Jornal para crescer ainda mais?
Ronaldo | Manter os aspectos que fizeram do jornal um grande sucesso, continuar inovando nas plataformas e trazendo cada vez mais o leitor dentro do jornal, aumentando sua interatividade conosco.

E agora, o que vocês acham? Vale a pena investir em jornais impressos? Qual a próxima fronteira de acesso à informação que podemos explorar?

Abs,

Jony Lan 
Mestre e Consultor em estratégia, marketing e novos negócios
jonylan@mktmais.com

Fonte:  Press à Porter

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