Vantagem Competitiva | Bancos brasileiros lucram mais do que a indústria

quarta-feira, agosto 11, 2010 Jony Lan 0 Comments

Quem lucra mais, indústria ou serviços? Uma vez definido o setor de atuação, a empresa busca uma única coisa, lucro. O resto ajuda a aumentar ou diminuir o lucro. Qual a diferença básica entre um banco e uma indústria? A indústria tem uma quantidade limitada de clientes diretos e inúmeros clientes finais do qual não tem controle. Já os bancos possuem uma possível quantidade limitada de clientes, mas os que já são clientes, são todos "controlados" e o melhor dos mundos, pagam uma taxa mensal aos bancos. É como se todo mundo pegasse uma parcela do seu salário e separasse um valor mensal para as taxas bancárias. Essa estrutura comercial que marca a dinâmica dos bancos brasileiros transforma isso em uma fonte de vantagem competitiva frente aos demais setores da economia brasileira.

Quando o assunto é lucro, os principais bancos brasileiros superam as grandes indústrias do país. Tanto que, nos resultados financeiros do primeiro semestre, o lucro obtido por grandes instituições bancárias foram maiores do que a maioria de importantes empresas em diferentes setores. Prova disso é o Itaú/Unibanco, maior banco privado do Brasil, que fechou o primeiro semestre de 2010 com um lucro de R$ 6,4 bilhões. Esse resultado supera a Gerdau, a maior fabricante de aços longos das Américas, a qual obteve um lucro de R$ 1,4 bilhão, ou a Usiminas, que teve um lucro de R$ 676 milhões.

Mas os dados positivos não são somente os do Itaú/Unibanco. O Bradesco obteve um lucro de R$ 4,5 bilhões nos primeiros seis meses do ano. Já o Santander, que engloba operações do antigo Banco Real, terminou o primeiro semestre com um lucro de R$ 2 bilhões. O Banco do Brasil deverá anunciar ainda nesta semana seus resultados. A expectativa é que deva reportar ganhos de R$ 4,8 bilhões nesse mesmo período.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu os lucros dos bancos em encontro com empresários ontem. Ao lado do presidente de El Salvador, Mauricio Funes, Lula disse agradecer a Deus pelos lucros dos bancos. "Quando os bancos não ganham dinheiro, eles dão mais prejuízo", disse Lula, citando o caso do grupo americano Lehman Brothers. "Se não tivesse quebrado e tivesse tido um "lucrozinho", não tinha levado quase US$ 700 bilhões do Estado".

Estratégia internacional: o mercado africano
O Banco do Brasil (BB) assinou com o Bradesco e o Banco Espírito Santo S.A. (BES) memorando de entendimento para estabelecer parceria estratégica na África. A intenção dos bancos é participar em uma holding financeira que consolidaria as atuais operações do BES no continente africano. A holding coordenará futuros investimentos envolvendo a aquisição de participações em outros bancos e o estabelecimento de operações próprias no continente africano.

O BES tem 100% de participação na holding BES África. Os dois bancos brasileiros vão entrar no capital dessa empresa. O BES atua em países como Angola, onde tem 30 agências e Líbia, com 20 agências. O BES, com sede em Lisboa, é o segundo maior banco comercial privado de Portugal e está presente em 18 países e quatro continentes.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a associação para participar de uma holding financeira não descarta a intenção do BB de ampliar seu processo de internacionalização, sobretudo nos Estados Unidos. Segundo ele, o Banco do Brasil já recebeu autorização do Federal Reserve (o banco central norte-americano) para atuar no mercado dos Estados Unidos como instituição comercial, com foco em áreas onde existem as maiores concentrações de brasileiros. Segundo fontes do BB, essas áreas englobam cinco estados, entre eles Massachusetts e Connecticut, além de Nova York. Segundo o presidente do BB, Aldemir Bendini, a holding sairá em até 90 dias.

Sim, claro, muito dos fatores que favorecem à vantagem competitiva do setor bancário se resumem à uma boa  aplicação e exploração das leis que regulam o setor.

Abs,

Jony Lan 
Consultor em estratégia, marketing e novos negócios
jonylan@mktmais.com

Fonte: O Tempo

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